sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Chuva


Fico aqui me lembrando daquela chuva que hoje não cai. Eu sozinho em casa e uma vontade latente de entrar dentro dela. E aquele desejo incessante de me livrar dos gritos entalados, dos sonhos perdidos, das críticas recebidas, do mundo cruel e dessa alma obesa que insiste em ver o céu sempre nublado. Não entro na chuva, não gosto de me molhar. Fica a promessa para a próxima chuva. Volto para dentro de casa e vou fotografando minha realidade: livros, computador, TV, uma calça dentro do banheiro de alguém que a tirou e deixou-a vestida no ar. Desgosto. Sabedor que amanhã as coisas serão iguais por fora, só mudam se for dentro de mim. Incrédulo. Esperançoso com o ser humano, mas mantendo um pé atrás. E essas poesias inacabadas que navegam a alma da gente? Esse pôr-do-sol que morre e remorre, me entristece e me apaga a luz. Na escuridão, tateio meus pesadelos, prefiro não vê-los. É a minha estratégia. Diante do mar, lanço-os quando me cansar, quando vierem novos pesadelos. Mas essa areia nos meus dedos, esse sal na minha boca, essas ondas aqui dentro... não me desapego, não me permito, fico criando, chovendo, amanhecendo. Se eu tivesse entrado naquela chuva, tudo seria diferente. Ah, teria...


Agradeço ao Hélder pelos dois selos:




Passo para:

Ziggy do blog Pesar de Alma; pelo concretismo poético.
Andréia do blog Relatos de uma guerra pessoal; pela inteligência e riqueza dos textos.
Clara do blog Clara menina Clara; pela ternura.
Vicente do blog Palavras quase ocultas de um ser real; pela escrita agradável.

Obrigado e parabéns a todos!!!

16 comentários:

Renato Ziggy disse...

Ai, que chique ganhar dois selos e esse tal de "concretismo poético"! Uhuuuuuuuuuuul! Bem, vou fazer um discurso: Um bjo pro meu pai, pra minha mãe, meus irmãos e pra minha cachorrinha Akira. Valeu, Lipão! ihuuuuul!

Anônimo disse...

Parabéns, querido! você merece!

Fernanda Papandrea disse...

Entre na chuva!

"E essas poesias inacabadas que navegam a alma da gente?"

Você traduziu em palavras um sentimento meu. =)

beijos

Fernanda Papandrea disse...

nada ;)
vou likar voce pra visitá-lo sempre ^^
;*

Fernanda Papandrea disse...

obg :DD

aham!
conheço sim
eu moro em juiz de fora =D

beeijo

Clareana Arôxa disse...

Primeiro, obrigadíssima pelos selos, estão bem guardados por lá.

E lendo esse texto consegui voltar a sentir na pele o bem que a chuva me traz. Eu consigo lavar a alma.
Espero que você também se alie a ela e consiga, faz sempre bem!

beijo!

Proibida disse...

Permanecendo fora da chuva foi que pôde compreender que devia ter se molhado. Já parou pra pensar que se tivesse entrado nela talvez hoje não tivesse a certeza que foi/seria a coisa certa? As coisas acontecem como têm que acontecer... ^^

Apreciando seu blog... muito bom passeio! Vou te linkar e voltar mais vezes! ;)

Ótima noite pra você! Beijos

Renato Ziggy disse...

Já não há mais o fantástico mundo de Bob, Lipão. Bob cresceu. Bob é você. E mais: chuvas vêm e vão. Você terá novas oportunidades de se molhar.

É engraçado em como em tão poucos dias sua escrita amadureceu tanto, sua intensidade, profundidade, estão cada vez mais tatuadas em suas palavras.

Fico feliz, porque sei que você tem um potencial do caráleo, desculpe-me a expressão... Haha! Te cuida. ;***

Victor Viana Clemente disse...

Ahh, Filipe, eu indiquei você a um prêmio lá no meu blog. Dá uma olhadinha...

Anônimo disse...

Permita que sua chuva, em vez de pranto, seja canção.
(e não deixe de acreditar, por mais difícil que seja...)

Beijos, meu bem.

Anônimo disse...

Oi Filipe,

Achei muito belo o seu texto. Gostei da forma como relacionou as suas emoções com o cenário. Passou tranqüilidade, ainda que, refletindo uma leve melancolia.

Ah e parabéns pelos selos!


P.s: Vim conhecer, mas não lembro através de quem eu cheguei aqui.

Beijos

Critical Watcher disse...

A chuva teria tirado a areia e o sal de seu corpo. Você me fez lembrar dos momentos em que eu, quando criança, corria ruas e ruas na chuva. Era tão bom sentir aquela liberdade...

Anônimo disse...

cara você escreve muito bem! õ/
caia na chuva! chuva é bom, lava a alma, tira aquele peso do coração, proporciona uma sensação de liberdade... ;#

bjos =*

Critical Watcher disse...

Obrigado pelo comentário. Você entendeu direitinho o que eu quis transmitir.

Abração!

Anônimo disse...

Ahhh, que bom. E em qual cidade você mora?

Belo texto, melancólico, cheguei a sentir na pele o que estava escrito.

Vou te linkar tá?

Alberto Vieira disse...

Texto muito sensível. Me identifiquei com ele.

abraços