quarta-feira, 28 de março de 2012

Sorrio


Vendo essas aguinhas silenciosas escorrendo pelos seus olhos perturbados, confesso pra mim mesmo que a felicidade é isso. É a gente encontrar no outro alguma coisa que nos desperta sentimentalmente. O querer perto parece algo tão óbvio que o mero especular de uma distância provoca desabrigo. Assim é com seus olhos que misturam todo esse amor e essa saudade latente, toda essa coragem de dizer que o choro não é fragilidade. Choro é sentimento desaguando, por não caber apertado no peito. E eu não consigo disfarçar um sorriso. Não é frieza minha, nem pouco caso. É que fui despertado. Provoco um abraço e você vira mar. Eu, rio. Só rio.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Trivialidades


- Por que eu?

- Porque sim. Porque sempre que a gente se despedia, eu voltava pra casa com a sensação de que deveria ter prolongado o abraço. Porque seus bilhetinhos vinham sempre acompanhados do cheiro do creme que você usa para as mãos. E quando você coloca os cabelos atrás da orelha, você pisca os olhos três vezes, quase sem querer. Porque quando fomos tomar aquele sorvete juntos, no meu aniversário, eu me toquei que eu poderia conversar com você pro resto da vida. Bastaria um banquinho e um copo de água, pra quando a boca secasse. Também porque quando você sorri, é como se sua boca brincasse de liga-ponto com essas duas marquinhas nas suas bochechas. É porque eu te conheço desde sempre. E conheço bem mais que a mim.

- Não. Não é isso. Por que eu não consigo usar essa batedeira? Vê se eu liguei certo na tomada, vê?!