sexta-feira, 25 de agosto de 2017

1999

Em 1999 a gente subiu aquela rua da encruzilhada
Morrendo de medo das almas penadas
E do homem da perna torta que assobiava boleros

Meu avô contava histórias de assombração
E nossa diversão era passar a madrugada acordados
Esperando a luz da chapada aparecer na esquina

A gente não sabia que o mundo iria acabar
Na verdade, não queríamos que ele acabasse
De alma, éramos sempre poetinhas que rabiscavam muros
E faziam serestas a noite inteira

Em 1999 a cidade entardecia va ga ro sa me nte
E mal sabíamos que o amor verdadeiro

Era um coração desenhado em um vidro embaçado