quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O menino que sou eu

No olho do furacão
O menino quis ser valente
Empenhou o seu sabre de luz
Bateu continência
Falou que ia à lua com seu chapéu de cowboy
O menino tem sonhos inefáveis
Porque se aninha na cama da mãe
O menino não se frustra
Ele acredita que o mundo é todo dele
Que os céus concederão licença
Para ele pilotar a sua astronave
Que não há monstro que resista
A sua espada verde
O menino acredita mesmo
Que um picolé de chocolate
É o suficiente

Para acabar com todos os males do mundo

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Talvez

João não se dá conta da vida que leva.
Compra o pão de manhã, passa o café.
Lê o jornal, dirige até o trabalho.
Deseja o boteco a semana toda.
Bebe a cerveja no sábado.
Beija a esposa, acalenta os filhos.
João não quer ser artista.
Nem quer ser brilhante.
Quer ter uma vida como qualquer outra.
A verdade, a verdade mesmo.
É que se João visse aquelas azaleias.
Brotando no seu jardim.
E chamando a atenção das abelhas e mariposas.
Talvez.

Talvez João fizesse um poema.