Escrito com Karine, a frôr
Quiria eu ter esse jeito bunito de falar de amô. Os pueta colocam umas rima bunita, umas palavra que mais parece ingrês. Eu num sei de muita coisa, frôr. Nem sô pueta. Sei de uma coisa ardida que nasce no estômo e vem subino que nem fogo pelo peito. Acontece quando ocê passa no seu vestidinho de chita verde, bonito que só. E eu vou procurando um jeito de colocá em palavras tudo isso meio doido que ‘contece ni mim. Mas fico mudim da silva, minha língua perde as força e eu só sei oiá ocê passando. Dispois, fico treinando no espelho, procurando as palavra bunita do dicionário pra poder falar pra ti. Mas aí me vem todo esse seu chêro e perco o prumo. Desando numa choradeira sem fim. É que eu sou chorão, sabe? Desdi pequeno. Vontade mesmo eu tenho de guardá ocê na minha mão, levá ocê pra todo canto. O pai tinha um amuleto que ele carregava no peito. Quiria fazê isso docê. Mas num sei, vivo angustiado sem sabê suas resposta. Ocê, toda timidazinha, nem me óia direito. Será que amo sozinho, frôr? Será que não tem nem um pedacinho dentro docê pra me caber?
Cê vem falando assim, de amô e das palavra, e eu qui tentando sabê porque meus óio não conseguem ficar nocê. É que cada veiz que eu tento, fico toda tonta e parece que o sol vem morá no meu rosto. Eu sô toda besta nesta coisa de amô, nunca vi o dos livro,não. Mas só de olhá procê já dá até uma vontade de fazê puesia, daquelas bem bunita. Sabe, cê nunca viu, mas eu gosto de ficá te espiando durmí na rede, parece inté que sô eu qui descanso de tão bem qui faz. E de noite, quando cê prosea com a viola, eu espio da cozinha prá depois dormi lembrando docê cantando e murrê de ciúme do céu. Nunca vi amô naum, mas parece qui ele viu ocê. Num sei do espaço do peito da gente, mas acho que tem um bocado docê ni'mim e fujo porque dá medo, sabe? Diz moço, cê canta só pro céu? Porque eu quiria essa canção.
A canção que eu toco pra lua eu peço pra fazê chegá aí na sua casa, frôr. E ‘té vejo ocê de fita no cabelo, debruçada na janela, ouvino meu desafinar. Tão bunito seus óio refletindo esse brilho de amô-guardado. Quando a mãe contava aquelas historinha de fadas, sempre imaginei a princesa assim, qui nem ocê. Desdi sempre eu já fui amando sua pose de rainha. E meu coração escapole por todos os cantos quando ocê pinta seu cabelo de frôr. Isso é amô? Num sô estudado, mas intendo bem dessas estripulias que ‘contecem no peito. E, qué sabê? O amô já se apresentou procê. Vejo no seu jeitim de colher as goiaba no pé, vejo no seu jeitim de sorrir pelos canto da boca, escuto nessa cançãozinha que nasce dos seus beiço. Ocê é bunita, sabe? Mas é uma buniteza de pele, de cílios. E é purisso que eu amo, frôr. Porque seu jeitim me pôs sentimento, me pôs assim, meio doido. Dá ‘qui sua mão, sente a minha suada, nervosa por causa docê? Não fica vermelha, frôr, se bem que cê fica mais linda assim, coradinha. O bom mesmo é sabê que a canção que nasceu ni mim, agora toca nocê. Mais bom é sabê que vamo cantá ela juntim, qui nem casal de novela. Qué vê? Vô te ensiná o tom.
Ocê canta tão bonito que eu me sinto passarinho cantando c'ocê, vôo qui'nem minina. Repara só no céu todinho ajuntado pra ouvi nóis canta o amô. Parece 'té qui escurece pra genti, e qui chama toda as estrela prá brilha nocê. E ocê segurando a minha mão assim tão forte, sinto um 'cadinho de aperto gostoso no peito, sabe? É de felicidade, parece 'té qui vai explodi. Me ensina o tom de todas as canção qui ocê canta qui eu vou me afinar nocê, devagarim, qui nem vento na frôr. Sabe, ocê é igualzim vento. É que enquanto ocê fica andando pelo campo e eu te vejo de longe, ou quando tá pertim, qui'nem agora, eu sinto ocê soprar ni mim e me espalho toda. E o coração fica florido, qui nem jardim. E ocê, chegando pertim assim, me chamando de frôr, mal sabe qui o perfume vem de ti. Te dô uma pétala de sorriso prá perfumá nossa canção. É que o amô ni mim floriu e cantou o teu nome, e eu me guardei qui nem botão só pra desabrochá nocê.
19 comentários:
Moço,
Como disse a Karine, o texto de vocês emana uma pureza, tem um quê de inocência!
Transmitiu a mim uma doçura, um amor na sua essência!
Lindo e lindo!
Beiju pra ocê seu moço!
Muito bom !!!
Me fez lembrar Cordel do Fogo Encantado.
Beijoos
Já deixei um comentário pra Ká, mas não pude deixar de vir aqui te dizer como esse texto é lindo.
Muito puro, muito suave, uma canção mesmo pro coração...
Ameeei!
Ando meio sumida, mas isso só dura mais dois meses... Até o último dia do vestibular!
Quando der, dou um pulinho aqui de novo!
Bjus mil...
Bru
Ô, coisa mais linda...
Em certos momentos, eu quase posso me sentir assim, com borboletas no estômago. É tanta asa batendo, que eu quase posso voar junto delas dentro de mim.
Obrigada por aparecer.
Adorei aqui e voltarei outras vezes.
Meu beijo pra vc.
Felipe!
Que texto lindo, lindo!
Que pureza nas palavras... que coisa gostosa de sentir!
E sabe o que é melhor? Eu vi toda a cena, cada suspiro do pueta pra frôr. Narração gostosa e diferente. Sabor do interior, das coisas puras e frescas que se oferecem aos turistas da cidade grande, que de tão atarefados, nem veêm simplicidade e prosas tão 'bunitas'... Concordo com a Jaya: Lembrou Chico bento & Rosinha...
"...Me ensina o tom de todas as canção qui ocê canta qui eu vou me afinar nocê, devagarim, qui nem vento na frôr..." ( Sequestrando pra mim, rs)
Que lugar gostoso é esse aqui! E olha que tem a Jaya, a Glau... queridas do coração! Me diz porque não consegui pousar aqui antes??!
Beijos, viu? E Parabéns pela simmplicidade, a ti, e a Karine tb!
Que texto mais doce!
Quem dera as pessoas pudessem voltar a ver o amor na sua simplicidade e plenitude, como só as pessoas de alma pura são capazes de ver...
adoro o interior...
esse sotaque já me faz feliz, imagina quando vem tão dosado e falando de amor?
sempre lindo aqui...
obrigada pela visita filipe
beijo grande!
Felipe, achei seu texto muito agradável e gostoso de se ler. Mostrou bem o sentimento do amor em sua forma mais pura, sem a complicação que ás vezes impomos a ele.
Gostei muito, e dou-te os parabéns, juntamente com a sua companheira, que escreveu o texto contigo. Muito bem escrito.
Eu fiquei muito feliz com a sua visita, e te convido a voltar de novo sempre. Tu és meu convidado. Inclusive, eu devo anunciar talvez hoje mesmo o lançamento do meu livro, Vale dos Elfos, e te convido a espiar.
Fiquei muito feliz que tenhas gostado de meu poema, e compartilhado meu sentimento. Vejo que tu és romântico como eu.
Apareça sempre, será uma honra recebê-lo, e de minha parte, eu também virei sempre, se me der licença, e estou colocando um link no meu blog para o seu, para poder acompanhar=te em suas atualizações.
Um grande abraço,
Átila Siqueira.
Que coisa gostosinha de se ler....
Me tirou lágrimas doloridas dos olhos... (momento cinza)
bjs
Filipe, vc é um anjo, um anjo mesmo. Juro, falo isso do coração.
Mas vc publicou um livro com 14 anos, guri? Queria ter essa coragem...
Bjo grande!
mió jêto de falá de amô é esse, moço... c'uas palavra que dêxa o coração ansim, na boca...
Lindo, lindo, moço... parabéns aos dois :)
Beijos!
Olá Filipe! Ah! Abandonei-me em instantes porque, lendo teu texto, me senti transportada ao universo da escrita "roseana".
A cada dia me convenço que, a idade que se está, não é a idade dita. A emoção do SER e do Estar é atemporal. Como a métrica etária , quase sempre, engana...Te revisito e, perplexa, me pergunto tens só vinte e um anos?
Filipe, grata pela visita. Virei muitas vezes. És lindo!
Abraços.
Filipe, que mágico. Senti-me flutuando nessas palavras tão melodiosas que rimam um amor tão brejeiro, singelo e inocente. que coisa linda demais meu amigo. É texto leve que deixa o coração sorrindo e com um sorriso sem fim.
A maneira escolhida pra escrever. Uma linguagem que difere dos textos tradicionais, mas que nos faz ver um amor puro, envolvente, espontâneo e sincero.
Lindo mesmo essa canção, que agora já se instala dentro de mim.
;)
ps: Filipe, eu li seu comentário e entendi porque ferei alguns conceitos religiosos seus. E confesso que pela sua perspectiva eu também devo me incluir na sua opinião. Tu poderá conferir o fim, porque já publiquei. Depois da história eu coloco algumas considerações acerca da histórias e seus significados. Verás que não foge em nenhum momento daquele Deus que Jesus proclama na Bíblia.
Mas é tudo questão de perspectiva.
Grande abraço meu amigo.
Se cuida.
Fica com o PAI.
;)
parece música de forró pé-de-serra.
lindo
;)
beijonocê.
Filipe,
Li texto primeiro no seu blog e depois pulei pro da Karine, e comentei por lá primeiro de tanto que gostei.
Cosa fofa essa de trocar palavras de um jeito tão singular. Eu dei todas as piruetas com esse texto. Tão mineiro. Tão meu, que achei. Essa falamansa, essa gostosa mania de engolir palavras pra deixá-las mais doces.
Ai ai.. E eu suspiro de ver essa prosa tão inocente, regada de amô dos mais lindos de se ver. Purim que só ele. E eu, minerinha que sou, me colori toda. E foi lindimais da conta! =)
Parabéns aos dois, poetas!
Beeeijo meu!
...
Ah, o desabrochar do amor!
Que seja flor regada de pétala em pétala, espelho da Fonte, o Todo-amor, o Jardineiro Fiel...
...
Suspiros aqui do outro lado da telinha...
Gosto de ler textinhos de amor assim, de forma simpeles e pura.
Ps: pode me chamar de Fabi sim, ou de Fabiana se preferer, ou de Fa.. deixo vc escolher ok???
beijocas
ai minha nossinhora, que matutice mais linda, sô!
derreti.
um beijo!
Tou tentando parar com isso okay? Não dá certo mesmo.
/me amargurada.
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