A moça de vestido estampado deu um grito em plena rua quando ouviu o som dos disparos. Debaixo de seus olhos, caía o corpo morto de seu vizinho, o dono da peixaria. O cheiro de sangue misturado com o aroma de peixe fez seu estômago embrulhar e a ânsia de vômito a fez voltar para dentro de sua casa.
A vizinhança toda que havia escutado o grito saiu de casa e, boquiabertos, se perguntaram o motivo daquele horror. A cena causou pânico em algumas crianças e idosas que desmaiaram. O corpo do peixeiro estava bem ali, na calçada, em frente à sua casa de onde tinha vindo o disparo da arma. Era um homem querido, aquele. Simpático e respeitador, vivia fazendo gentilezas, distribuindo peixes aos pobres, dando doces às crianças. Ninguém o mataria por qualquer motivo que fosse. Tal motivo não havia.
Eis que, da casa, saiu o filho mais velho. Dezoito anos, vivia de encrenca com um bando de moleques da redondeza. Não queria saber de estudo nem de trabalho e dava dores de cabeça à mãe. Era indiferente com o pai e nada tinha herdado de seu espírito benevolente. Era um arruaceiro. No entanto, ante a cena grotesca, levou a mão à boca e chorou algumas lágrimas.
A filha menor, catorze anos, apareceu desesperada, com as mãos nos cabelos. Gritava o nome do pai e foi a primeira a aproximar-se do corpo, sacudindo-o, como se beneficiada com o dom da ressurreição. Seus urros e lágrimas eram de dor profunda. Amava o pai e por ele tudo fazia.
A moça do vestido estampado retornou de sua casa. Estava pálida, mas conseguiu avisar que havia chamado a ambulância e a polícia. Tomou coragem e se achegou junto ao defunto. Chorou a perda daquele homem por quem, durante anos, alimentou uma paixão proibida. Amava-o pela sua caridade, pelo seu constante bom-humor, pela sua gentileza.
De dentro da casa do defunto, apontou a então viúva. Estava estarrecida e assombrada. No entanto, sua aparência não era de quem sofria. Estava sóbria, sem uma lágrima nos olhos. Encarou o corpo do marido no chão e lançou-lhe um olhar de despedida. Estava sufocada por algum sentimento irreconhecível. Talvez medo. Sua face era tal qual uma folha de papel branco. Inexpressiva.
A moça do vestido estampado sentiu um ardor de ira pela viúva. Como poderia se manter inerte ante aquela cena? Era um crime. Alguém daquela família matara o pobre peixeiro. Alguém munido de um sentimento negro e com o sangue da crueldade correndo nas veias. E ela, a moça do vestido estampado, principal testemunha daquele homicídio, contaria aos policiais suas impressões sobre os fatos. O casal não se dava bem há tempos. Brigavam toda noite e as discussões eram ouvidas por quem passava em frente a casa ou por quem morava ao lado, seu caso. Acometida de grande coragem, entrou na casa do defunto, esbarrou na viúva que se mantinha estática à porta e, sem pedir licença, saiu vasculhando cada canto em busca da arma. Seria a maior prova daquele assassinato.
No entanto, passado alguns minutos, outro disparo veio. Alguém de longe gritou uma frase ininteligível antes da moça do vestido estampado desmaiar.
CONTINUA...
16 comentários:
Façam suas apostas! Quem matou o peixeiro? Ganha um doce quem adivinhar!
Puxa! Qeue crueldade fazer isso com seus leitores... Podemos bancar o detetive e fazer mais perguntas ou temos que hipotetizar com o pouco que temos??
Ele tinha um mordomo? :P
Brincadeiras à parte, fiquei ardendo pra saber resto... sou péssima em desvendar mistérios, mas apostaria na esposa à la Bette Davis.
Beijo!
Uai fikei intrigada!
- eu matei o peixeiro.
(mas não matei joana d'arc.)
~~*
*procura*
giz azul, giz azul...
sumiu.!
*sorri um sorriso de dentes azuis*
Ai Filipe,
Que maldade fazer isso com quem te lê. Ja estava aqui roendo unhas e de olhos vidrados na história quando murchei toda com o "continua". rs!
Eu acho que quem matou foi... annn.. deixa pensar... acho que foi a viúva... mas acho que tá muito na cara pela forma que ela agiu.. então não acho mais que seja a viúva.. achei que fosse o filho mais velho, mas não acho mais também...
Só quero que a história continue!!!! =)
p.s.: Obrigada pela visita. Gosto meu ter você passeando pelas minhas anotações.
Beijos!
Eita! Continue...please.
Continua ?
Que drogaa ...
Queria saber disso logo !
Continua !!!!!!!!!
Continua ?
Que drogaa ...
Queria saber disso logo !
Continua !!!!!!!!!
Bj bj =*
Gostei de seus escritos e resolvi adicioná-lo. Espero que não se importe.
Suspenses e hipóteses não faltam a este conto. Mto bom!
Bj
Jaya me acusou. Agora tá 2x0 pra mim.! \o/
e, acredite ou não, fiquei pensando nisso, pela vida. eu, acho que a mulher matou a môça do vestido estampado, depois de matar o marido. falei.
~~
das tuas palavras, eu já sabia a côr, mas nunca que sabia de cór.! fez sorriso, em mim. =] muito.
ainda na expectativa... bem, foi o marido da mulher de cestido estampado??
ehehe acab logo com essa agonia!
ainda na expectativa... bem, foi o marido da mulher de vestido estampado??
ehehe acab logo com essa agonia!
Ai, ainda bem que quando vim aqui a jaya já tinha terminado a história..pelo menos a curiosidade não me corroeu a pele! :)
Você realmente sabe como deixar uma pulga atrás da orelha, Filipe.
Um abração,
Flá.
É uma história envolvente que nos lança uma amarga sensação de dor. E fica no ar o mistério do assassinato. Até que ponto uma pessoa pode chegar?
Uma trama bem escrita, e que nos suga e nos faz estar presente lá naquele momento, lá diante do crime, e estupefato ante tanta dor, misturado com incredulidade, revolta e tristeza.
Um homem amado atingido pela foice da morte, por alguém. Mas quem??
Filipe, meu nobre amigo, você escreve com uma naturalidade espantosa. Admiro muito essa tua maneira tão coesa, tão sensível de se ater a fatos. E tu desenvolve qualquer tipo de tema com tamannho talento que eu fico pasmo. Eu venho aqui e pode ter certeza, me inspiro e muito no que posso escrever.
Vou ali conhecer a outra parte.
Grande abraço meu camarada.
;)
Postar um comentário