sábado, 17 de maio de 2008

A falta que ela me faz



Ei, vem cá. Tá chorando por quê? Senta aqui no meu colo. Onde dói? Ah, é só um machucadinho de nada, vai sarar. Vou soprar. Pronto! Melhorou? Então deixa eu contar-lhe uma história. Quando eu tinha a sua idade... ora, claro que já fui criança. Não parece? Só porque tenho barba e pêlos na perna? Sim, já fui criança tão travessa quanto você. E eu era muito feliz, sabe? Morava em uma rua vazia cheia de vizinhos da minha idade. Brincávamos até o entardecer, até a mãe de alguém aparecer na porta e berrar: “Menino! Vem tomar banho!” e a gente voltava pra casa com o peito estufado de sonhos e quimeras. Tomávamos banho, um leite e íamos dormir com a cabeça num travesseiro de algodão. Nossa festa era pedir doces nas casas das senhoras, subir nas árvores mais altas e tentar agarrar o céu com as mãos. Nossa alegria era correr atrás das meninas chatas para puxar-lhes os cabelos só pra vê-las chorar. Não sabíamos, mas gostávamos delas mesmo quando não entendíamos o que era namorar. Ah, a gente brigava também. Amigos sempre brigam. Mas o ficar-de-mal não durava mais do que três minutos. Logo vinha alguém puxando para a roda de novo e, sem qualquer obstáculo, os sorrisos brotavam rosto a rosto e os amigos faziam as pazes. Era um tempo enfeitado, sabe? Havia confete em todos os cantos e não faltava um canteiro verde, não faltava um motivo para botar as pernas pra cima e se equilibrar sobre os dois braços. E a gente se arrastava na areia, rolava nas gramas, se sujava no barro, achando que era príncipe ou pirata. Tudo tomava forma, uma caixa de papelão virava castelo ou até mesmo foguete para se ir à lua. Vê os seus amigos brincando? Falta você ali. Se ficar aqui chorando, não poderá contar pra ninguém que um dia aprendeu a soltar pipas. Vai lá, ande! Há tanto céu a cima da sua cabeça, pequeno. Vai lá viver sua infância. Porque você não sabe, nem imagina a falta que ela me faz.

37 comentários:

Laysla Fontes disse...

Filipe, que texto! Deu pra sentir saudades das brincadeiras de antes, ainda que eu não tenha vivido tanto tempo assim. Lindo mesmo (e que falta de levar tudo à brincadeira).

É claro que você pode voltar!
Você é muito bem vindo! :)

Gostei tanto daqui que estou linkando, okay?!

Um beijo, Filipe!

A Maya disse...

Saudade do cheiro da infância...
Das cores da meninice...
De subir nas árvores, formar um mundo simples aos olhos de hoje, grandioso aos olhos de ontem.

Guri, fez-me um bem danado vir aqui. Cada linha me trouxe uma lembrança. É sempre bom lembrar quando a criança tinha voz, e não vivia apenas cravada no peito da gente.

Infância faz falta. E como faz!

Um abraço!

Fernanda Papandrea disse...

bom demais o texto!

a inocência das crianças é a coisa mais bela.

beijos

Araúja Kodomo disse...

Tambem já me faz falta a minha infancia...
Já tenho tantas saudades desses tempos...
Uma coisa simples faziamos dela a brincadeira mais divertida!
Belo texto :) ***

Anônimo disse...

Por que você gosta de me fazer chorar?
Texto lindo e tocante, sereno e absurdamente inspirador.
Entrei agora num momento nostalgia melancólica...

Beijo meu.

Proibida disse...

Lindo! Mais uma vez sem palavras pra ti... Tens a minha profunda admiração.

Ah! Senti saudade das tuas palavras doces. ^^)

Beijos, ser-luz.

Alberto Vieira disse...

Perfeito!

Fantastico relato de nossa infancia!

abraçao

Stella disse...

Ê, Filipe, saiu do nada do MSN, hein?

Bom, abraço pra ti e depois a gente termina a conversa, ok?

Anônimo disse...

E eu lembrei de mim, jogando bola com a Vitória ontem :P
Uma evidência dessa saudade.

Filipe, fui lah no blog da Flah
e akele texto ela retirou do site sexxchurch;
não foi ela q escreveu não xP

Agora eu sei q ela não estah noiva msm hehehe

Bjo!
Escrevendo super bem como sempre ;]

Camilinha disse...

Acho que quando Deus inventou a infância ele tava chupando picolé e pulando amarelinha... porque ô tempinho bom que não volta mais...

beijos daqui...

Anônimo disse...

A crise-peter pan se apossou de mim. Eu não quero crescer. Queria ser uma eterna criança. Pra nunca perder a inocência e o fascínio pela vida. Ahhhhhh, como era bom brincar o dia todo, dormir e acordar novamente para brincar. Como era bom acreditar que as nuvens era de algodão, que os bebê eram trazidos pela cegonha e que Papai-Noel existia de verdade. Como era bom, apesar de viver na ilusão, não precisar entender tanta coisa ruim que acontece no mundo. Eu era mais feliz. Ela também me faz falta. Infância bela que não volta mais!

Lindo texto.

lucas rolim disse...

massa demais

Unknown disse...

Vai lá, menino! Não perde tempo!

Eu sinto tanta falta da época em que eu ficava brincando com meus carrinhos, bonecos... "Playmobil"! Hahahaha...

Sinto-me triste em ter certeza que esse tempo não irá mais voltar. Queria ter brincado mais e mais. Queria ter buscado mais leitura naquela época que eu não tinha "responsabilidade".

Agora estou aqui. Trabalhando, estudando, numa correria tremenda para concretizar alguns sonhos. E, se por ironia do destino- hahaha, eu tiver um filho, quero que ele viva INTENSAMENTE sua fase de "brincadeiras".

Abraço, rapaz!

=]

Jaya Magalhães disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
entre-caminhos disse...

infância... nem parece que já foi embora. tudo foi embora e eu nem vi, tive pressa de crescer.E hj tenho pressa d viver. Talvez eu nunca aprenda.

Tiago Torigoe disse...

Ahhh a infancia...
texto tao simples...chega até a ser um tanto clichê,sabe?

mas são esses clichês que nos fazem voltar a lembrar por que são clichês:

por que ninguem quer esquecer da infancia, dos amigos, das rodas de brincadeira, e do "medo" das meninas \o/

ótimo post,continue assim

see ya

Simone Toda Poesia disse...

Ah... já te disse que tenho vontade de chorar quando venho aqui? Por causa da sensibilidade que têm os teus escritos. Maravilhosos. Simples, sem nenhuma palavra rebuscada e, por isso mesmo, tão profundos. Obrigada por escreveres tão bem. Abraços.

Ariana Coimbra disse...

QUe linda história!

Amei!

Seu blog é show!

Beijo*

T disse...

ai deus!
que liiiiiindo esse texto! :O
adorei seu blog!
vou voltar sempre aqui!
beijooo

Ni ... disse...

Seu texto me emocionou demais...
lindo moço!!! Beijo

Rosana disse...

Cai aqui meio que de para-quedas e me apaixonei pelo lugar.
Quão doces são suas palavras.
Me levei a imaginar minha infância, não tão cheia de molecagens e brincadeiras com amiguinhos (tive uma família bem autoritária), mas nem por isso não faz falta. Faz sim, e muita.
Espero ler mais textos seus.
;)

Dayane Carmona Poeta disse...

Infancia, essa que foi embora sem eu deixar, simplismente pegou suas malas e foi, deixando no meu peito uma doce nostalgia. Como seria bom se ela batesse a minha porta novamente. :)

Adoravél texto, me trouxe saudade.

Beijos :*

E volterei aqui para te visitar mais vezes.

Michele disse...

Filipe, que relato maravilhoso de sua infância! Aliás, da nossa! Com certeza cada leitor sente um pouquinho de tudo o que vc sentiu ao digitar estas palavras!

Também sinto saudades dos meus tempos de menina de tranças. Mas junto dessa falta vem uma sensação de "fase cumprida", a certeza de ter aproveitado cada um desses detalhes da melhor forma que eu poderia. Cheio de inocência, joelhos ralados, camuflagem de barro, escaladas de morros e árvores, casinhas e bonecas e coisas afins! :)


Tem um mimo para o seu blog lá no meu canto!


Beijos todos e boa semana!

Clara Mazini disse...

Que nostalgia. É bom, é grande, é infinito esse sentimento todo.

Ariana Coimbra disse...

Que legal Felipe, meu conterrâneo! rs
Quem são sua família aqui?

Tu tens orkut?

Beijo*

Unknown disse...

Bonito o texto, mas só me faz pensar em como eu sou a única pessoa que não compartilha deste saudosismo em relação à infância. Não quero a minha de volta de forma alguma.
xO (tá bom assim :p)

Flá. disse...

É...deu um aperto no peito e vontade de voltar a ser pequenina de novo. Jogar bola até de noite, voltar cheia de bolhas no pé e um sorriso enorme no rosto.

Tempos bons, ótimos. E nossa sina é viver de saudades.

um bjo!

Luifel disse...

E ae kra blz? Passando na blogosfera encontrei o seu blog e gostei muito kra! Espero poder passar mais vezes!

Abçs.

Quando puder dá uma passadinha no meu blog, ok?

http://biblinotas.blogspot.com

Menina Bonita. disse...

Ai ai,que sabor de infância bom que eu senti ao ler.E que falta ela me faz,que falta ela faz a todos nós.
Era sempre bom ter uma imaginação sem fim,e fazer de qualquer lugar em cenário imenso para as fantasias,e poder ser o que quiser na hora que quiser,sem ter que pensar muito no que a vida é ou deixa de ser.

Beijos ;*

leila saads disse...

Me lmbrou minha infância... uero voltar a tentar agarrar o céu com as mãos...

Beijos!

Rafael Dias disse...

hahha,
só lembrei da minha rua e da casa da minha vó em Recife...
muito bom

Abraço

Julia disse...

Mais que texto lindo!
Realmente quando nos somos crianças não temos com que nos preocupar ..
Meu problema é que sempre fui uma pessoa muito madura e ñ vivi a infancia como era pra ter vivido.

Beijos

Flávia disse...

Pode parecer meio maluco, mas eu não deixo a minha infância se afastar de mim... cada vez que eu percebo que estamos nos distanciando, pego a danada pela mão e digo "vem cá, deixa de bobeira, vamos conversar"...

Esse texto é lindo. Mais do que lindo. É comovente... um dia vc me conta como faz essa mágica?

Beijos, moço.

Luifel disse...

Kra, hei, vou linkar o seu blog pra podermos nos visitar mais vezes, ok?

Abç

Menina Lunar disse...

Maravilhoso.

Revirou tudo aqui dentro da Carol, enxaguou a chuva que chovia sem parar, desenhou arco-íris, flor e sorriso.

E no sentido mais intenso, profundo e sonoro:

Isso que você faz aqui a cada frase não pode ser outra coisa além de ESPETÁCULO.

Parabéns, moço de escrita linda!!

Tudo de melhor pra vc.

MARIUS QUIRÓZ disse...

Maravilhoso esse texto. Repleto de emoção.

Logo volto para ler os outros.


Agradecido pela sua visita lá no blog!

Morena disse...

Infância às vezes parece tudo ser igual para todos, não é? Quase não tenho saudades da minha, procurei trabalhar com criança para não sentir-me crescer. E olha eu grande aqui.