quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Dos sonhos



Quando eu era criança, eu tinha sonhos de criança. Minha mãe diz que eu queria ser vendedor de algodão doce. Na cabeça da criança tudo parece muito simples. Basta a gente querer e acontece.

Pergunto-me porque os adultos param de ter sonhos assim. Os sonhos deles são nublados que vêm sempre acompanhados de uma torrente de dúvidas e perguntas. Seus sonhos, na maioria das vezes, envolvem dinheiro, poder, prestígio. Não conheço nenhum adulto que sonhe ter um carrinho de algodão doce ou uma roda gigante.

Não sei em qual parte do corpo nascem os sonhos. Alguns devem vir da mente, mas outros, certamente, vêem do coração. Eu queria ter sonhos que viessem sempre do coração porque esses, geralmente, são os mais agradáveis. Se o meu coração, então, estiver perto do coração de Deus, esses sim serão confiáveis.

Não entendo porque alguns abrem mão de seus sonhos. Tenho alguns palpites: incredulidade, pessimismo, mudança de planos. Não quero me preocupar em executar os sonhos. Quero a delícia de poder sonhar. O sonho é que move nosso espírito, mexe com o imaginário, com a fantasia. Através do sonho, posso tudo, tenho tudo.

Depois, quando o sonho estiver bem maduro a ponto de escorregar para fora do corpo e se descontrolar entre minhas mãos, deixo-o voar. Não há com que se preocupar. Sonhos confiáveis se realizam porque nasceram de um coração maior que o meu. Não foram cultivados em terreno pedregoso e incerto. Foram regados todos os dias com a água mais límpida que já se viu.

Quero poder sonhar com meu carrinho de algodão doce e com uma roda gigante. Deus me permite o sonho porque cabe a Ele realizá-lo. Quero ser uma eterna criança deitada no colo do Pai.

5 comentários:

Renato Ziggy disse...

Bem, às vezes tenho "medo" de mim, porque sonho com muitas coisas. Alguns sonhos vão embora, outros permanecem. Ou será que confundo vontade temporária com sonho? Não sei. Sonho tem que ser duradouro? Boa pergunta! O lance é que tenho muitos sonhos e vontades, embora às vezes tenha dificuldade de diferenciar um do outro. Talvez eu precise prestar mais atenção em mim. O que sei é que
gostaria que fossem eles compatíveis com os sonhos de Deus, mas ainda não sei se todos ou alguns deles o são. O fato é que preciso buscar a resposta. Só saberei se será possível, caso eles escorreguem "para fora do corpo". Interessante esse texto! Me pôs a pensar...

Fernando Locke disse...

Muito bom,meu caro! tem o dom da poesia, mesmo sem rimar, suas palavras são harmonicas e poéticas! muito bom o seu blog, tbm visitarei com frequencia. quanto aos sonhos perdidos? não sei se realmente os perdemos, acho que eles adormecem,por que os sonhos não somem, se você pode sonhar, pode realizar! é complexo, mas é real! abraço!

Alberto Vieira disse...

Cara mto massa o texto!

A simplicidade dos sonhos simples é deixada mtas vezes de lado, ou quase sempre.

..

sobre meu texto da gota la, nao tinha visto sobre esta perspectiva q vc viu. Achei legal!

abraçao!!

Clara Mazini disse...

"Não sei em qual parte do corpo nascem os sonhos."

Que bonito, isso. Eu também não sei.. talvez pelo corpo inteiro. Como um abraço apertado.

Eu queria vender sorvete só pra poder fazer as bolinhas.

Washington Vieira disse...

Excelente texto... Gostei muito.