sábado, 13 de março de 2010

Bem Maior


De repente, a cidade parece um lugar de rostos irreconhecíveis, de pessoas agitadas que carregam uma vida inteira nos ombros, de braços e pernas que se agitam em direção a algum lugar, a algum sonho. A sensação que se tem é de insignificância, de miudeza perto de tanta gente, tanto querer, tanta luta, tanta esperança.


Repito pra mim mesmo que essa vida é passageira e que nossas experiências são como uma trilha de grãos de areia que vão entrando pra dentro do mar. Penso na dor e em como ela, às vezes, vira sonho. Sonho de que o latejar inquietante vire estrela serena no peito. Então encaro de novo as pessoas e vejo nelas um universo de sentimentos emaranhados. São todas iguais em suas angústias, em seus problemas, em seus insucessos. Por um momento, isso me parece estranho demais.


Chego a acreditar que é ironia sermos assim, tão iguais. Iguais em matéria de universalidade, de incertezas, de qualquer coisa muito próxima do amor. E me vem uma nostalgia gostosa quando lembro que, por dentro, carregamos uma criança ingênua que outrora fomos. Criança essa que só se perde se nossa racionalidade for tão aguda a ponto de desprezarmos as emoções.


Os ventos, hoje, são de boas novas. Há qualquer indício no céu, um aviso. Algo que plasma esse elo gigante que nos une, sem entendermos muito bem. Alguns chamam de acaso. Eu prefiro chamar de Bem Maior. Ou de Deus.


8 comentários:

Amanda Oliveira disse...

Amei, você escreve divinamente!
Com Carinho, GG

gabi disse...

também prefiro chamar assim (:

Madame Morte disse...

O mesmo deus que nos permite sentir tamanha angústia, muitas vezes sem nenhum motivo aparente, o mesmo deus que nos fez tão pequenos perante a si para não ter concorrência?
Se esse deus existe, ele é mau.

Quanto ao interior...somos todos iguais...sangue, sonhos, órgãos vitais, impulsos químicos e elétricos...não faz a menor diferença...pode ser qualquer um e todos.

Que os bons ventos soprem em todos os lugares, mesmo aonde as casas forem de palha.

Filipe Garcia disse...

Madame,

permitir não é o mesmo que consentir. Aposto como seus pais, muitas vezes, deixaram você sair para determinado lugar, mesmo acreditando que não era o melhor, pra você.

Além disso, Deus não fez seres pequenos para evitar a concorrência. Se já leu à bíblia, provavelmente encontrou um convite feito por Jesus: "Sede santos, pois sou santo". Ou seja, ele quer que sejamos iguais a Ele.

Um abraço. E obrigado pelo comentário!

Ana EmíliaYamashita disse...

Bonito de ler.

Fernanda disse...

Senti saudades daqui, quis te ver.
Um beijo!

Luifel disse...

Caramba, um texto interessante sobre o ser humano, sua essencia, sua existencia...

O ser humano é alguem que, conforme a Escritura, foi feito pouco abaixo dos anjos e sempre me intriga o fato de sua criação, existencia...

E o fato de sermos humanos, com todas angustias, dores, medos, não sublimam a majestade do fato de sermos esse ser tão maravilhoso, feito para ser imagem e semelhança daquele que é Eterno

Abção!

Anônimo disse...

Esse é o preferido! Sempre que tenho saudade eu venho aqui.