segunda-feira, 23 de julho de 2012

Febre


Sabe, agora são 4:18h da manhã e eu acordei com uma febre nos olhos, um estranho desejo de fechá-los fortemente e só abri-los dentro de você. Acho que isso de sentir é uma droga mesmo. O que fazer quando se sente, senão sentar de frente à janela, com uma xícara de café nas mãos e observar tudo com uma certeza quase absurda de que você vai aparecer dali a dois ou três minutos?

Eu não sei o que fazer com isso que você plantou. Não sei. Se você aceitasse de volta, me prometendo nunca mais plantar coisas bonitas, eu devolveria. A contragosto, mas devolveria. Meu desejo maior, porém, é que você esteja do meu lado. E cada vez mais perto, me trazendo essa felicidade que eu só tenho quando você vem me contar do seu dia, das suas aventuras, dos livros que leu e das músicas que ouve. Percebe que a minha mão fica dormente enquanto escoro o queixo pra te ouvir com atenção?

Outro dia nós falávamos sobre a falta. Sobre os minutos que vão passando no relógio e a ausência que vai fincando no peito como a dor de uma esperança que se frustra. É que eu sempre esperei você chegar com sua bolsa de poesias e seu caderno de piadas pra gente se ocupar ao longo da madrugada. Foram meses de uma vontade incontida de resgatar cada parte minha, em você. De encontrar em mim muita coisa sua também.

Eu tenho uma timidez que se agiganta toda vez que penso em nós. São tantas coisas, não é? Tantas coisinhas que, se juntarmos, pareceria um mar profundo e temeroso. Melhor não. Melhor sim. Antes um mar do que um rio raso. Mas, me diga. Somos assim, tão próximos a ponto de sentirmos em comum? De queremos em comum? De optarmos, um dia, em amar infinitamente, sob o sol insano dos românticos? Podemos, eu penso. Podemos tudo.

Deixar escapar todos esses sonhos não deve ser o mais sensato. Por isso, agora, deixo meus dedos escorregarem para a sua mão. Faço um afago leve, enquanto você sorri da minha falta de jeito. Pergunto se o amor existe e se ele cabe em algum lugar. Você me olha atônita, imaginando que eu tenha uma resposta. E ficamos, juntos, encarando qualquer coisa como um pôr-do-sol emoldurado e riscando o rosto um do outro com sorrisos dementes.

Sei que ainda é breve. Que não deve ser tomada qualquer decisão, por ora. Que não há lugar ainda pra esse nosso agora. No entanto, guardo comigo o dia em que você disse “vou quando você quiser”. Eu quero, quando você estiver pronta, sem amarras. Daí eu vou te amarrar de novo e te encher de ternura. Até o amor doer. 

Maio, 2011.

6 comentários:

Luciana Brito disse...

Poxa, tão lindo, Lipe.
Tão lindo que dá vontade de viver.

Beijo!

Anônimo disse...

Lindo..
Ainda bem que você postou..

Anônimo disse...

"O filme era não sei qual. Eu só queria vê-la, mais que tudo na vida..."
Posta esse...

Ana EmíliaYamashita disse...

Sempre termino de ler com um suspiro.

Anônimo disse...

Nossa!!!lindo!!!Lindo que ném você.
bjosssssssss

Anônimo disse...

Este é um dos texto em que mais gosto...Gostoso de ler.