Meu escritório ficava numa rua pouco movimentada. Ponto estratégico: eu não queria trabalhar muito. Na verdade, eu não queria trabalhar muito em investigações do tipo “acho que meu marido está me traindo” ou “suspeito que minha filha esteja envolvida em drogas”. Infelizmente, era o que mais aparecia. Por precaução, contratei a Andréia, que não servia pra muita coisa. Atendia os telefones e dispensava os clientes que me procuravam pra casos banais.
Num desses dias de sorte, Andréia bateu na minha sala e, abrindo a porta, só com a cabeça pra dentro do meu ambiente, sussurrou:
- Homicídio!
Tirei meus pés de cima da mesa, ajeitei a gravata e fiquei de pé pra receber a cliente que, em dois minutos, estava de frente pra mim. Era Amélia, o seu nome.
- Você é o detetive Benjamim? – ela me fitou de alto a baixo.
- Algum problema? Só porque tenho 1,60m e uso piercing no mamilo direito?
- Você usa piercing no mamilo? – ela não escondeu seu preconceito.
- Quer ver?
- Não, obrigada.
Pedi que a cliente se sentasse. Não parecia abatida nem transtornada. Equilibrada, eu diria. Sentei atrás da minha mesa, de frente pra ela.
- A senhora veio até a mim por algum motivo, imagino. – iniciei a conversa.
- Minha mãe morreu hoje. A enfermeira a encontrou morta na hora de dar o café da manhã.
- Infarto?!
- Assassinato. – ela disse e eu fingi cara de espanto. – Aumentaram a dosagem do remédio.
- A enfermeira?
- Como posso saber? Estou aqui pedindo que descubra.
- Temos duas suspeitas. – declarei escrevendo no meu bloco de anotações.
- Duas? – ela parecia surpresa.
- Sim. A enfermeira. E você.
Ela riu aparentando certo nervosismo.
- Só me faltava essa. Por que eu mataria minha mãe?
- Já ouviu falar em Suzana Richthofen? – devolvi a pergunta.
- Isso é uma ofensa, detetive.
- Não me chame de detetive, isso aqui não é um romance policial.
- Então o senhor pode me ajudar? Eu não quero ter que esperar a ação da polícia. Posso estar correndo risco.
- A sua mãe possui quantos herdeiros?
- Somos duas filhas.
- Moravam juntas, vocês três?
- Sim.
- Mais alguém que freqüentava a casa?
- Tenho um filho. Além dele, só o médico e as enfermeiras.
- Mais de uma enfermeira?
- Sim. Minha irmã precisa de cuidados, sofreu um acidente no passado. Temos três enfermeiras para atender as necessidades dela e de minha mãe.
- Isso reduz muito as chances de sua irmã ter cometido o assassinato.
- É verdade.
Houve um silêncio.
- A senhora matou a sua mãe, Dona Amélia?
Ela se levantou afoita, as mãos se agitavam de forma desmedida.
- Eu não acredito que o senhor esteja suspeitando de mim. Eu não seria burra ao ponto de contratar um detetive para me descobrir como autora de um crime.
- Isso existe muito nos livros da Agatha Christie, acredite.
- O senhor é um louco, isso sim.
- Por que está tão nervosa, então?
- Porque eu acabo de perder minha mãe. Isso soa convincente pra você?
- Não muito.
- Pra mim chega. Vou embora.
- Amanhã estarei na sua casa para iniciar as investigações.
Ela abriu a porta e fez que ia sair.
- A propósito, era mentira. – eu disse.
- Oi?! – ela estava confusa. E nervosa.
- Eu não uso piercing no mamilo.
... CONTINUA
12 comentários:
MUITO bom! Espero anciosamente pela continuação.
esperemos. haha
amei o inicio esperarei a continuação..
[curiosidade latente depois da leitura]
Ah, por que tem sempre q acaber qdo estamos no auge da curiosidade..já vi que esta história vai acontecer em muitos posts..hahhaaaa
Filipeee o/
Então, eu acho que a assassina é a tal da Dona Amélia (teoria vinda dos livros da Agatha Christie lol).
Ou então a outra irmã com ajuda de uma enfermeira.
Tem que postar esse final de semana hein
bju
fiquei curiosa pra saber quem matou a senhorinha! =s
Muito Bom,mas afinal quem é culpado, quem a matou?
espero a continuação...
Bjus!
Esperando ainda a continuação..mas, passei aqui para dizer-te q amei o seu comentário, sua reflexão no meu post...valeu!!!! :)
Vou pensar na partilha...
Beijo-te!! :*
nhá)
foge a você, mas eu gostei.
~
eu ri:
"Não me chame de detetive, isso aqui não é um romance policial. "
~
espero.
Eu também não tenho piercing no mamilo.
Quero ler a continuação!
Beijos Lipe! (L)
Não pode ser! kkk
Cara, anda escrevendo um conto sobre uma agência de trabalhos que inclui esse tipo investigações, dentre outros (1ª Coincidência).
O nome do cara que trabalha lá
é BEIJAMIM (2ª Coincidência).
Pode conferir no blog, não tô acreditando...hahahahaha
Poderíamos até fazer uma parceria, de repente.
E o seu conto tá muito bom!
Vou ler a 2ª parte.
ando*
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