Já não ligo mais pras horas.
Meu relógio faz movimento inverso.
Regrido.
Amanheço.
E quando adormeço, meu coração
ancora.
Meu peito enternece, minha cortina
esvoaça.
Lentamente eu puxo a coberta.
O frio me esquenta a alma.
E a coisa que eu mais gosto é
encostar meus pés gelados.
Em você.
Talvez eu devesse tomar mais uma
aspirina.
A mente embaralha os movimentos da
luz torta.
Essa que entra através da cortina
que esvoaça.
No espelho, a reprodução da minha
tez espessa.
Da minha solidão imensa.
É o retrato do licor que já bebi,
em amargura.
Soluçando os verbos que me saem
bêbados.
Enquanto eu encaro sua nudez
afoita.
Seus olhos cerradinhos.
Seus cabelos espalhados despropositadamente.
Seus cabelos espalhados despropositadamente.
No meu travesseiro.
Você conhece muito bem o meu vazio.
E preenche com martini –
Que eu nunca tomei, mas parece uma
bebida sofisticada.
Eu te olho de relance.
Você é tudo aquilo que eu queria.
Nas minhas tardes insones.
Um comentário:
LINDA! Parabéns!
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