Sabiá parou na marquise
Estufou o peito, aprumou-se
Sacudiu as penas, abriu as asas
Ciscou, bicou o vento
Me encarou lá do alto
Feito um deus
Sabiá me benzeu
Rezou um pai-nosso
E me inspirou a fé
“A fé vem pelo ouvir”
Sabiá cantou pra mim
E a canção dizia que o mau
Ah, o mau teria seu fim
Que o olhar do coisa-ruim
Jamais se fixaria em minha nuca
Sabiá fez um barulhinho
Quase um gemidinho
E, nessa hora, parece até que
delirei
Porque sei que ele disse: “vai
ficar tudo bem”
E foi-se embora pro seu Panteão.
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