O homem se une ao asco
O asco da gênese humana
Que o pobre tem e o rico mantém
Que o bonito cospe e o feio
abraça
Essa miséria universal; ausência
de virtudes
Varão sem lei, mulher sem alma
Poesia que se afunda e se
enlameia
Não há outro, não há próximo
Precisão narcisista, egoísta,
colérica
Irradia-se o prazer incontrolado
Armadilha é os olhos da impiedade
Nos quais se enleva os interesses
E o apertar de mãos se torna
pouco estreito
O abraço em braços soltos
O sorriso em dentes opacos
O amor em delírio de loucos
Amarrem-nos em camisas de força!
Porque o amor é ópio que só faz
sofrer
Erga a cabeça, tu que amas
Ande adiante, sem notar ao seu
redor
Tua aliança é com a pobreza, de
onde vieste
Pó da terra, carne e sangue
quente
Sentimento algum: só a adaga da violência
Que pega o outro pela couraça e
lhe cospe inconsequências
Reis da mentira! Ladrões da
verdade!
Fujam os amantes e apaixonados
Não existe mais lugar para se
falar em rimas
Não há mais espaço para sentir o
próprio espírito
O lobo é o homem
Que se transveste das próprias
misérias
Que se vangloria das próprias
imundícies
Que se percebe como merecedor do
maior galardão
O homem, esse frívolo ser que
sequer tem asas
E acha que a liberdade está fora
de si mesmo
Pagãos! Deitarão todos no mesmo
leito de terra
E as flores se ocuparão de
perfumar o podre das veias
Quando, enfim, o homem mostra
quem de fato é:
Chão de se pisar, memória de se
esquecer.
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