sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ela é carioca



Eu a tinha visto de longe, quando um raio de sol pousou na curva do seu corpo, dourando a barriga exposta aos ares de uma praia semi-deserta. Não era nenhuma deusa. Mas tinha seu ar inequívoco de outro mundo. Rodei as vistas para ver se encontrava algum sinal do seu zepelim.

Ela veio ao meu encontro. Os cabelos ondulados iam se movendo à medida que ela requebrava a cintura fina enfeitada por um biquininho azul. A imagem dela mergulhando nas ondas geladas e saindo com o corpo arrepiado e o biquíni grudado nas entranhas do corpo me trouxe um frisson que há muito não sentia. Desejo de pele.

Ela sorriu. Um sorriso simpático, de quem está pronta para uma amizade. Sua boca parecia entumecida e ruborizou quando eu a encarei. Vi os lábios ficando vermelhinhos, num estranho convite para um beijo vulcânico na areia, no mar, em qualquer lugar proibido.

- Oiem! – ela disse, no seu sotaque tipicamente carioca.

 - Oi. – respondi, esbanjando meu melhor charme. – Está procurando alguém?

- Sim, procurando por tuam. – ela respondeu e depois riu. Já fui querendo segurá-la pela cintura e apertá-la contra o meu corpo para depois... – Na verdadeam estou procurandoam alguém que possa me ajudar. Tu pode?

Posso tudo o que você quiser. Pensei. Quis dizer, mas preferi dar uma resposta razoável:

- Claro. Do que você precisa?

- Eu preciso dar um telefonema. É coisa rápidam.

- Ok. Pode usar. – e entreguei a ela meu iphone que eu sempre carregava para a praia para ouvir música enquanto a íris se distraía com os movimentos do mar.

Ela se afastou alguns metros e falou por menos de dois minutos. Depois voltou, com um sorriso de agradecimento no rosto.

- Obrigadam, nem. Tu é um fofo. – e ela me lascou um beijo feroz no céu da boca. Visitou todos os meus pontos adormecidos, brincou de apalpar cada dente e ainda me mordiscou os lábios. Chorei.

Ela se afastou e foi embora, deixando um pântano de ternura ao meu redor. Queria tanto ser dono daquele colo. Fiquei estarrecido, sem conseguir me mover, enquanto ela caminhava pela areia, insinuando aquelas curvas indecentes. Já fui acreditando que eu a amava.

Quando ela sumiu de vista, sentei na areia para assistir um pouco do espetáculo apresentado pelo mar. O ir e vir das ondas pacifica qualquer semana difícil, constatação evidente. Faltava a música para sonorizar a vista. Foi quando me dei conta que a moça havia levado o celular. Meu sorriso veio naturalmente. Só consegui pensar que valeu cada centavo pago. Como diria um velho amigo: sim, a carência tem seu preço.

9 comentários:

Maristela Carvalho disse...

Não levou teu sorriso, nem. Apesar da fa(ix)cilidade do momento, cumpadi.

Anônimo disse...

kkkkkk!!!!Esse texto eu tinha que ler ainda hj...lipen ficou show!!!

Anônimo disse...

Que legal inspirado vc,heim...oiem
Lipen....

Anônimo disse...

Vc é terrivel!!!!Quero ser igual a vc quando crescer...Parabéns pela sua criatividade>>>>Pelo seu senso de humor...Temos alguma coisa em comum.lipen!!!!oiem.Te admiro de montãooo!!!!!!!

Anônimo disse...

Lascou um beijo essa foi a parte mas emocionante dessa história.Despertou...

Nina disse...

Ô, Filipe...

Há quanto tempo eu não passava por aqui - sensação de que perdi muitas (e grandes) coisas!
Você tem um jeito, hm, peculiar de escrever e lembro, nunca consegui verbalizar isso porque não encontrava a palavra exata pra te definir. Uma tranquilidade nas letras, uma calma, uma leveza... Ainda não sei.

Me deliciei com esse texto, a malemolência carioca que só esse sotaque tem. E a mim, típica guria do sul, curitibana e longe do mar, só resta mesmo concordar: "a carência tem seu preço".

Darei um jeito de recuperar esse tempo perdido longe dessa telinha de computador e volto pra ler o que se passou. Foi sempre um prazer, sempre valeu a pena - é difícil encontrar a beleza da tua escrita em outro alguém.
Um abraço apertado,

Nina

Henrique Miné disse...

haha, caralho mano! skakoakskakoskoakska

que gostoso ler algo assim, mais leve de vez em quando. Povinho de blog tem uma mania chata de querer ser profundo em tudo, né? (ó quem fala, haha)

gostei mesmo, alegrou meu dia aqui! (x

abraço!

Henrique Miné disse...

aliás, lembrei de algo um tanto parecido que aconteceu comigo certa vez, quem sabe não transformo em cronica qualquer dia desses, também.

Renato Ziggy disse...

To falando que tu anda saidinho... até o tom dos textos mudaram, tá vendo?! Beijón, garanhão!