Sabe, agora são 4:18h da manhã e
eu acordei com uma febre nos olhos, um estranho desejo de fechá-los fortemente
e só abri-los dentro de você. Acho que isso de sentir é uma droga mesmo. O que
fazer quando se sente, senão sentar de frente à janela, com uma xícara de café
nas mãos e observar tudo com uma certeza quase absurda de que você vai aparecer
dali a dois ou três minutos?
Eu não sei o que fazer com isso
que você plantou. Não sei. Se você aceitasse de volta, me prometendo nunca mais
plantar coisas bonitas, eu devolveria. A contragosto, mas devolveria. Meu
desejo maior, porém, é que você esteja do meu lado. E cada vez mais perto, me
trazendo essa felicidade que eu só tenho quando você vem me contar do seu dia,
das suas aventuras, dos livros que leu e das músicas que ouve. Percebe que a
minha mão fica dormente enquanto escoro o queixo pra te ouvir com atenção?
Outro dia nós falávamos sobre a
falta. Sobre os minutos que vão passando no relógio e a ausência que vai
fincando no peito como a dor de uma esperança que se frustra. É que eu sempre
esperei você chegar com sua bolsa de poesias e seu caderno de piadas pra gente
se ocupar ao longo da madrugada. Foram meses de uma vontade incontida de
resgatar cada parte minha, em você. De encontrar em mim muita coisa sua também.
Eu tenho uma timidez que se
agiganta toda vez que penso em nós. São tantas coisas, não é? Tantas coisinhas
que, se juntarmos, pareceria um mar profundo e temeroso. Melhor não. Melhor
sim. Antes um mar do que um rio raso. Mas, me diga. Somos assim, tão próximos a
ponto de sentirmos em comum? De queremos em comum? De optarmos, um dia, em amar
infinitamente, sob o sol insano dos românticos? Podemos, eu penso. Podemos
tudo.
Deixar escapar todos esses sonhos
não deve ser o mais sensato. Por isso, agora, deixo meus dedos escorregarem
para a sua mão. Faço um afago leve, enquanto você sorri da minha falta de
jeito. Pergunto se o amor existe e se ele cabe em algum lugar. Você me olha atônita,
imaginando que eu tenha uma resposta. E ficamos, juntos, encarando qualquer
coisa como um pôr-do-sol emoldurado e riscando o rosto um do outro com sorrisos
dementes.
Sei que ainda é breve. Que não
deve ser tomada qualquer decisão, por ora. Que não há lugar ainda pra esse
nosso agora. No entanto, guardo comigo o dia em que você disse “vou quando você
quiser”. Eu quero, quando você estiver pronta, sem amarras. Daí eu vou te
amarrar de novo e te encher de ternura. Até o amor doer.
Maio, 2011.
6 comentários:
Poxa, tão lindo, Lipe.
Tão lindo que dá vontade de viver.
Beijo!
Lindo..
Ainda bem que você postou..
"O filme era não sei qual. Eu só queria vê-la, mais que tudo na vida..."
Posta esse...
Sempre termino de ler com um suspiro.
Nossa!!!lindo!!!Lindo que ném você.
bjosssssssss
Este é um dos texto em que mais gosto...Gostoso de ler.
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