quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O explorador de galáxias e a motosserra



A história do explorador de galáxias começa aqui.


O explorador de galáxias, com seu foguete ultramegapotente, resolveu conhecer outros lugares do planeta Terra. No entanto, julgou que seria sensato de sua parte ter uma espécie de guia, alguém que pudesse lhe dizer aonde ir.


- Você quer fazer um passeio? – perguntou o explorador à menina, sua amiga de dez minutos atrás.


- Não posso demorar muito. Meus pais chegam em casa às cinco horas. Preciso estar aqui antes deles. – ressaltou a menina, já aceitando o convite.


O explorador pegou a menina pelas mãos e disse que assim ela ficaria invisível. A menina riu da bobagem.


- Por que está rindo? – perguntou o explorador, um tanto ofendido.


- Não existe isso de ficar invisível. – sorriu a menina.


- Não existe? – provocou o aventureiro. – Então tente chamar a atenção de alguém. Faça isso e veja se você está certa.


A menina fez careta para a primeira pessoa que caminhava pela rua. Não houve qualquer reação por parte do pedestre que, realmente, parecia não ter notado nada. A boca da menina fez um grande “O”.


- Meu Deus! Eu estou invisível! – ela disse isso e foi a vez do explorador sorrir.


Chegaram até o local onde o foguete estava estacionado. Entraram e a menina estava maravilhada com tantas luzes, botões e cores diferentes.


- Para onde vamos? – perguntou o aventureiro.


- Tem um lugar que você iria gostar de conhecer. Meus avós moravam lá, quando eram vivos.


- Tudo bem. Mentalize o local e encoste seus olhos bem aqui. – disse o explorador, apontando para uma espécie de olho-mágico.


Assim a menina fez. O foguete zuniu e ultrapassou a barreira das nuvens. A menina só sabia sorrir. Por fim, aterrisaram em um campo muito verde. Desceram e foram caminhando por uma trilha coberta de árvores. O explorador escutou um barulho estranho e perguntou o que era.


- É o barulho de uma motosserra. - disse a menina.


O aventureiro puxou a menina e ambos correram em direção ao barulho que se tornava cada vez mais alto e infernal.


- Oh! Você não pode fazer isso! – gritou o explorador ao ver um homem manejando um grande instrumento que cortava as árvores ao meio. – São árvores! Você está acabando com o silêncio!


O menino tinha ficado mesmo revoltado. Sua amiga apertou-lhe forte a mão direita e disse, baixinho:


- Tá tudo bem. Estas árvores virarão móveis bonitos.


- Mas não serão mais árvores. – lamentou o aventureiro; e havia uma lágrima solta em seu olho. – Elas são tão silenciosas, ao contrário dos carros que são muito irritantes. Se não houver mais árvores, restarão só os carros para fazerem todo tipo de barulho.


- Existem muitas árvores. – a menina tentou amenizar, embora visse que o explorador estava muito, muito chateado.


- Sim, e existem muitos carros. – retrucou o menino, já cansado de discutir. – Eu quero voltar.


O homem da motosserra olhava para as duas crianças, sem entender o que se passava. Ligou o instrumento e voltou a realizar o seu trabalho.


- Isso deve doer muito nelas, eu imagino. – disse o explorador, puxando a menina pro caminho de volta.


Entraram no foguete ultramegapotente e partiram rumo ao céu. Logo estavam de frente à casa da menina. Despediram-se com um abraço e o aventureirozinho soluçou.


- Cuide bem da Silêncio, sua árvore. – ele disse com a voz embargada.


- Cuidarei.


- Obrigado por ter sido minha guia. Eu gostei de você.


A menina corou de vergonha, nem conseguiu sorrir, nem dizer mais nada. O explorador descobriu que ela era tímida e achou graça. Parecia com as meninas da sua idade, aquelas do seu planeta. Da janela do foguete ultramegapotente, viu sua amiga correr de volta para casa. Logo depois, o foguete zuniu e sumiu por entre as nuvens.



imagem por isip-bata